Firjan e Fecomércio se manifestam contra flexibilização de voos do Santos Dumont; veja o que dizem especialistas
Firjan e Fecomércio se manifestam contra flexibilização de voos do Santos Dumont; veja o que dizem especialistas A Federação do Comércio de Bens, Serviço...
Firjan e Fecomércio se manifestam contra flexibilização de voos do Santos Dumont; veja o que dizem especialistas A Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Rio de Janeiro (Fecomércio-RJ) e a Federação das Indústrias do Rio (Firjan) se manifestaram contra a possibilidade de flexibilização do limite de voos no Aeroporto Santos Dumont, no Centro do Rio. Para as entidades, a mudança pode provocar um desequilíbrio no sistema aeroportuário do estado e prejudicar a economia fluminense. “O Santos Dumont e o Galeão operam em completa simbiose, eles operam numa racionalização de operação. Quando sobra para um lado, falta para o outro, e é isso que vai acontecer [em caso de flexibilização]. Nós estamos penalizando o melhor aeroporto do Brasil, que é o Galeão, que tem as maiores pistas, a maior capacidade de transporte, que tem apresentado resultado extraordinariamente bom”, afirmou Delmo Pinho, engenheiro da Fecomércio. O debate sobre a flexibilização voltou à pauta após declarações do ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho (Republicanos), que afirmou, na manhã desta segunda-feira (22), em entrevista à GloboNews (veja abaixo), que o volume de passageiros no Santos Dumont deve aumentar em 2026. Ministro de Portos e Aeroportos fala sobre mudanças no Aeroporto Santos Dumont Segundo a Fecomércio, o temor é de que setores estratégicos da economia do Rio sejam impactados negativamente caso o teto de passageiros seja ampliado. “O turismo vai ser prejudicado, os serviços vão ser prejudicados, o comércio do Rio de Janeiro vai ser prejudicado, isso não é nada bom”, disse Delmo Pinho. Em nota (veja a íntegra no fim da reportagem), a Fecomércio-RJ defendeu a manutenção do limite atual de 6,5 milhões de passageiros por ano no Santos Dumont e classificou qualquer alteração como inoportuna e contrária ao interesse público. A entidade ressaltou ainda que o teto foi definido com base em uma série de estudos técnicos. 📱Baixe o app do g1 para ver notícias do RJ em tempo real e de graça No domingo (21), o prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD), criticou a discussão sobre mudanças no teto de passageiros do aeroporto, que fica no Centro da cidade. Enquanto isso, o Aeroporto Internacional Tom Jobim, o Galeão, vem ampliando a oferta de voos desde 2023, em um projeto de reorganização do sistema aeroportuário do estado. Apenas nos dois primeiros meses deste ano, o terminal registrou a chegada de 473 mil visitantes estrangeiros. Alta de passageiros no Rio Os dados mostram também que, após a mudança, o caiu o pela metade o número de passageiros do Santos Dumont (de 10,9 milhões para 5,7 milhões) e mais que dobrou o do Galeão (de 6,8 milhões para 16,1 milhões). O resultado foi que o número total de passageiros nos aeroportos do Rio subiu de 17,7 milhões, em 2023, para 21,8 milhões, em 2025 (veja infográfico abaixo). Os números são da Infraero e da concessionária RioGaleão. Dados econômicos do RJ baseiam restrição, diz Firjan Gerente de infraestruturas da Firjan afirma que aeroportos do Galeão e Santos Dumont têm vocações complementares Isaque Ouverney, gerente de infraestruturas da Firjan, destaca que os números da economia fluminense apontam para um acerto na restrição dos voos do Santos Dumont. “Na medida que o estado, como um todo, conseguiu aumentar o volume de passageiros domésticos acima da média nacional, o volume de passageiros internacionais também acima da média, assim como o volume de cargas, essa melhor coordenação tem se mostrado, segundo os dados, positiva para a economia do Rio de Janeiro”, afirmou. Segundo Ouverney, os aeroportos do Galeão e do Santos Dumont têm funções distintas e complementares, e cabe ao poder público garantir que essas vocações sejam respeitadas. “E é superimportante que estes aeroportos atendam às suas vocações principais: o Santos Dumont, tendo a vocação para ser um aeroporto de conexão doméstica, uma localização estratégica; e o aeroporto internacional, por sua vez, tem a vocação de ser o hub internacional do Rio de Janeiro, transportando não só passageiros, como principalmente cargas”, ressaltou. (Veja, no fim da reportagem, a íntegra da nota da Firjan.) LEIA MAIS: Paes critica eventual flexibilização do limite de voos no Santos Dumont Ministro contraria Paes e diz que número de voos no Santos Dumont vai aumentar em 2026 Interesse de cias aéreas Para Marcus Quintella, diretor da FGV Transportes, a discussão envolve interesses de mercado e das companhias aéreas, mas precisa respeitar a lógica de coordenação do sistema. "Existe a lei de mercado. Existe demandas identificadas pelas companhias aéreas. Então, pode ser isso que esteja fazendo esse assunto voltar. A lei da criação da Anac tem dois artigos muito importantes. Um da liberdade de tarifária e outro da liberdade de mercado, onde as empresas aéreas são livres para escolher rotas, frequência, toda a malha viária. Então, pode estar havendo alguma identificação de que isso precisa ser reativado no Santos Dumont, sem prejudicar o Aeroporto do Galeão”, afirmou Quintella. Aeroporto Santos Dumont Rafael Nascimento / g1 Rio Veja a íntegra da nota da Firjan: "Firjan manifesta preocupação com o possível aumento no teto de passageiros no Santos Dumont Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro defende criação de políticas de incentivos para a melhoria de logística de acesso para inclusão de novos voos para o Galeão Rio, 22 de dezembro de 2025 A Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), na qualidade de representante do setor industrial fluminense, manifesta preocupação com o aumento do teto máximo de movimentação de passageiros no aeroporto Santos Dumont e o impacto dessa flexibilização na economia fluminense e nacional. A Firjan defende que os esforços públicos devam estar direcionados à criação de políticas de incentivos para a melhoria de logística de acesso para inclusão de novos voos no aeroporto do Galeão, que ainda possui disponibilidade de espaço para crescimento. É fundamental que haja a presença de um aeroporto internacional pujante e moderno no estado para que tenhamos um Rio mais atrativo para se viver, trabalhar, empreender, investir e visitar. Crescimento significativo Desde a implementação da limitação de 6,5 milhões de passageiros anuais no Santos Dumont, no fim de 2023, o Galeão registrou aumento significativo na movimentação de passageiros. De janeiro a outubro de 2025, o crescimento observado na movimentação fluminense foi de 21,6%, em relação ao mesmo período do ano de 2023. No mesmo período, o transporte de cargas teve crescimento de 46,3%. Esses aumentos são bastante superiores aos registrados no Brasil. No mesmo período, o país registrou aumentos de 12,1% e 13,1% para a movimentação de passageiros e de cargas, respectivamente. A recuperação da conectividade aérea internacional pelo Galeão, que concentra voos de longa distância e operações de grande porte, é um reflexo direto da reorientação do tráfego aéreo, consolidando o Rio de Janeiro como importante porta de entrada no país. O Santos Dumont é um ativo de suma importância para o Rio de Janeiro e cabe à Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) avaliar a política pública mais adequada para o seu desenvolvimento. Contudo, é fundamental que essa política pública considere o contexto em que o aeroporto está inserido e todos os impactos para economia da cidade, do estado e do país. É notório que a configuração atual tem demonstrado um impacto positivo com mais passageiros e cargas chegando ao Rio de Janeiro. Ambos os aeroportos são ativos valiosos para o estado e, por isso, é preciso garantir que a coordenação entre eles gere o maior impacto positivo para o turismo, para a captação da movimentação de cargas, para os cidadãos fluminenses e para os negócios da cidade. Para a Firjan, é fundamental que uma alteração no teto máximo de movimentação de passageiros no Santos Dumont não acarrete em esvaziamento econômico do Rio de Janeiro, conforme a posição pública do presidente da República, do governador do estado e do prefeito do Rio de Janeiro." A nota da Fecomércio: "Fecomércio RJ se manifesta contra possibilidade de flexibilização das regras que limitam volume de operações no Aeroporto Santos Dumont A Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Rio de Janeiro – Fecomércio-RJ manifesta seu inconformismo institucional diante da possibilidade de flexibilização das regras que limitam o volume de operações no Aeroporto Santos Dumont. A política de ordenamento das operações aeroportuárias no Estado do Rio de Janeiro, definida pela União ao final de 2023, constitui uma diretriz pública estruturante, construída com base em estudos técnicos e no planejamento integrado da aviação civil brasileira. A limitação do Aeroporto Santos Dumont a 6,5 milhões de passageiros por ano mostrou-se adequada para preservar a segurança e a eficiência operacional, mitigar impactos urbanos e assegurar o equilíbrio necessário com o Aeroporto Internacional do Galeão, estratégico para a conectividade nacional e internacional do Estado. Os resultados dessa política são claros. O Galeão apresentou crescimento relevante de passageiros, retomada de rotas e ampliação de frequências, ao passo que o Santos Dumont permaneceu entre os aeroportos mais movimentados do país, operando dentro de sua capacidade e com alto nível de qualidade para os usuários. A eventual flexibilização das regras vigentes compromete a coerência da política pública implementada, enfraquece o planejamento do setor e gera insegurança regulatória, especialmente em um momento decisivo para investimentos e expansão da malha aérea. Pesquisa realizada pela Fecomércio-RJ indica que aproximadamente 76% dos usuários do Aeroporto Santos Dumont manifestaram-se favoravelmente à transferência de voos para o Galeão, inclusive com percepção de tarifas mais competitivas, o que demonstra que a medida não gerou desconforto aos passageiros. O equilíbrio entre Santos Dumont e Galeão não é uma pauta local, mas um tema estratégico de interesse nacional, com impactos diretos sobre o turismo, a economia, a geração de empregos e a atração de investimentos. Diante disso, a Fecomércio-RJ posiciona-se de forma clara pela manutenção integral do limite de 6,5 milhões de passageiros por ano no Aeroporto Santos Dumont, entendendo que qualquer flexibilização neste momento é inoportuna e contrária ao interesse público."